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IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO PRECISO DA DISLEXIA

Raquel Maciel Reis

Resumo

Atualmente, um dos maiores e mais comuns problemas de aprendizagem apontados por professores e pais está relacionado à leitura e à escrita. Muitas vezes tais dificuldades surpreendem, já que atingem crianças tidas por todos como inteligentes e capazes, que conseguem até decodificar as letras, os fonemas, ler algumas palavras simples, mas não conseguem compreender o que estão lendo. Nesse contexto, observa-se um números crescente de crianças sendo encaminhadas para outros profissionais, como pediatras, neurologistas, psicopedagogos, por não conseguirem aprender a ler e a escrever de forma eficiente. Sabe-se que a aquisição e o desenvolvimento da leitura e da escrita implica alto grau de complexidade, passando por três fases: a logográfica, a alfabética e a ortográfica, exigindo a tradução de símbolos escritos ou grafemas em formas para a fala ou fonemas, processo esse que envolve diversos mecanismos cerebrais diferentes. Assim, primeiro a criança reconhece a escrita que lhe é familiar, que pertence ao seu vocabulário visual, tomando como referência os elementos gráficos presentes nessa palavra e não, necessariamente, a ordem das letras. Trata-se da leitura visual direta típica da fase logográfica. Esse tipo de leitura, não implica o conhecimento fonológico, uma vez que a decodificação das letras terá um papel secundário. Um exemplo são os rótulos de embalagens conhecidas que todas criança consegue “ler” (fase logográfica). Só a partir do momento em que começa a perceber os sons da fala, a ter consciência fonológica, que ela vai começar a fazer as associações fonema-grafema, sendo capaz de escrever algumas palavras simples, de forma sequencial real, sem alterar a sonorização dos fonemas, depois de forma hierárquica, por associação ao escrever novas palavras (fase alfabética). Só quando essa criança se torna capaz de fazer uma análise das palavras em unidades ortográficas (letras e morfemas) sem fazer uma conversão fonológica, podemos dizer que ela se encontra na fase ortográfica, momento em que já consegue ler e escrever automaticamente. Nessa fase, há a junção da fase logográfica e da fase alfabética, momento em que a criança, não apenas reconhece automaticamente a estrutura das palavras como consegue fazer a análise sequencial da mesma (fase ortográfica).Entretanto, independente de tal complexidade, a maioria das crianças que recebem uma instrução adequada aprende a ler com certa facilidade. O que dizer então, das crianças que não conseguem aprender a ler e a escrever? Na maioria das vezes, estas dificuldades são atribuídas a problemas maturacionais, neurológicos e emocionais da criança. Até que ponto estas dificuldades estão relacionadas a tais problemas? Alguns profissionais justificam essas dificuldades alegando ainda, falta de estímulo cultural, problemas metodológicos envolvidos no processo de alfabetização, entre outros. Afinal, como detectar as causas dessas dificuldades? No que diz respeito a profissionais que estão intimamente atrelados às questões da construção da leitura e da escrita é inconcebível não disporem de conhecimentos específicos sobre os caminhos neurais para a construção de tais conceitos. Ou seja, é necessário compreender os aspectos neurofuncionais envolvidos no processo de construção da leitura e da escrita. Só assim será possível diagnosticar com maior precisão um caso de dislexia, ou até mesmo, descartar um caso que chegue a consultórios com tal “diagnóstico”, muitas vezes realizado erroneamente por profissionais que não possuem nenhum conhecimento prévio e específico para isso.

Palavras-Chave: 

Dislexia; Diagnóstico; Dificuldades de aprendizagem.

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